novembro 29, 2005

Escuridão total…


Escuridão total… paz… calma silêncio… depois um flash: “ Foi há quantas horas? Alguns estão a sair inteiros… olha para esta velocidade… que espectáculo!”
De novo escuridão… vozes baralhadas ao longe… muito longe desta paz.
De repente fica claro… o que é este tubo preto horroroso a entrar no meu corpo? Quero mexer-me e não consigo… que raio… autch!... dor aguda dentro da goela… ou entre a goela e o nariz?… enfiaram-me um T no nariz que vai até à goela e parece ser a extremidade daquele tubo com a coisa preta. Que se foda… apaguei outra vez. Está-se bem melhor assim… no escuro, vazio mas confortável.
Paz… silêncio… não há túnel, nem luzes, nem recordações de infância ou tampouco uma porta para o purgatório… existe apenas o imenso vazio escuro. Deve ser assim pairar sem consciência no fundo do universo… reconfortante.
Tubo… preto… virar… autch… dor… vómito… não… pó… pó preto… é o pó do tubo que saiu pela boca duas vezes… blhac!
Finalmente de novo no vácuo. O tempo não existe… nada importa, só este vazio reconfortante e escuro… não… ficou de novo claro… vozes ao longe… tenho que me mover para outro sitio… os meus lábios mexem-se… não ouço nada, mas alguém deve ter ouvido porque fizeram qualquer coisa e estou no chão… ao lado ficou uma coisa amarelo claro… era o sitio onde eu tinha estado… estava desmontado.
Andar… não me lembro, esteve escuro… botões…3 na parede… água… calças cor de rosa… não… caíram na poça, estão encharcadas… de volta para o vazio escuro e reconfortante… próxima paragem… chinelos azuis: enfiar os pés! Coisa laranja… deve ser uma cadeira… sentar… escuro…. Calma… vazio… sem tempo… claridade castanha… massa disforme… espera… falou! A massa disforme falou com sotaque. Devo ter que falar com ela… quando ela parar digo que sim… não pode falhar… não percebo nada, nem sei se articulo correctamente as palavras, mas também não interessa nada… escuro… silencio…silencio é mau… silencio é porque a massa se calou e eu tenho que dizer “sim” já está… falou novamente… escuro… vazio… silêncio… “sim”… Agora veio uma coisa daquela direcção na minha… parecem pergaminhos…a massa falante está a dar-me aquilo. Pego nos 3 pergaminhos e… escuro… vazio…sem tempo… vácuo…água… chuva… carro amarelo… escuro… muito escuro…

De repente acordo na minha cama… mas na errada! Não adormeci nesta casa… e não era suposto ter acordado em nenhuma!

A maior ironia da minha vida… fui salva por um ataque de soluços!