Fantasmas de caras-metade

Já comecei mais de cem vezes este maldito texto e nenhuma me parece bem. Estou demasiado irritada comigo própria para que faça sentido qualquer coisa que escreva. É urgente que qualquer coisa mude dentro de mim. Por pouco quase voltava a cair no mesmo erro. Parece um ciclo vicioso fechado em que depois de sofrer a penitência volto a cometer o mesmo pecado… Desta vez apareceram fantasmas do passado que nem sequer eram os meus para que pudesse auto comparar-me e flagelar a minha mente com essas comparações. A culpa é minha por não me aceitar como sou, assim mesmo por inteiro, nem mais nem menos do que as outras, apenas diferente… diferente de cada uma delas… diferente de cada um dos teus fantasmas. Não bebo álcool porque não gosto! Não vou começar a gostar agora só porque a tua “cara-metade social” o faria. Gosto de ficar em casa a fazer coisas de menina do papá como me chamas. Gosto de enfiar missangas em fios que mal se vêm, gosto de ler, de tirar fotos que não servem para nada, gosto de fazer arroz doce e de cantar desafinada quando ninguém me ouve, gosto de ver filmes só porque sim e dos quais não tenho que tecer uma crítica pseudo-intelectual só porque fica bem… Começo a achar que se calhar não pertencemos mesmo um ao outro… Não quero moldar-me à tua imagem e transformar-me numa tia clonada como as imagens que me cercam dos teus fantasmas. Quero apenas ser eu e ter ao meu lado alguém que goste de mim assim… se um dia aparecer!